domingo, 3 de maio de 2020

Ana de Castro Osório (1872-1935)


Ana de Castro Osório (1872-1935)

É autora daquele que é considerado como o primeiro manifesto feminista em Portugal - Às Mulheres Portuguesas




Excerto:

''Á mulher, pois, ou seja pobre operaria que mal ganha para o pão de cada dia, ou opulenta dama avergada ao pêso dos seus deveres sociaes;
ás mães que têm filhos a entrar na lucta pela existencia e que ansiados esperam o conselho, que os guie para a felicidade e para o bem,
dos labios que lhes ensinaram as primeiras palavras e lhes deram os primeiros beijos; como às raparigas que, mal iniciadas nos seus deveres,
têm de arcar com um futuro de que nem chegam a comprehender as responsabilidades; a todas, repetimos, corre o dever de se deterem,
ao menos um instante, a pensar no remedio a dar a tanto mal e a tanta iniquidade.
Por isso é ás mulheres, e principalmente ás mulheres do meu paiz — que tão insuficientemente são educadas para serem as companheiras
e as mães do homem moderno — que me dirijo.
Possa este modesto trabalho corresponder dalgum modo ás necessidades espirituaes da alma feminina,
que desperta emfim para uma nobre e mais util missão social. 

FEMINISMO: É ainda em Portugal uma palavra de que os homens se riem ou se indignam, consoante o temperamento,
e de que a maioria das proprias mulheres córam, coitadas, como de falta grave cometida por algumas colegas, mas de que ellas não são responsaveis,
louvado Deus!... E, no entanto, nada mais justo, nada mais rasoavel, do que este caminhar seguro, embora lento, do espirito feminino
para a sua autonomia. O homem português não está habituado a deparar no caminho da vida com as mulheres suas iguais pela ilustração,
suas companheiras de trabalho, suas colegas na vida pública; por isso 14 as desconhece, as despresa por vezes, as teme quasi sempre.
Mas siga a mulher o seu caminho, intemerata e digna, sem recear o isolamento como o ridiculo — que nem um nem outro atingem
o verdadeiro mérito e a sã razão.



 


PUBLICAÇÕES

  • Para as Crianças (1897-1935):
    • Contos tradicionais portugueses, 10 volumes
    • Contos, Fábulas, Facécias e Exemplos da Tradição Popular Portuguesa [14]
    • Contos de Grimm (tradução do alemão)
    • Alma infantil
    • Animais, 1903
    • Boas crianças
    • Branca-Flor e outros contos
    • Branca-Flor e outras histórias
    • O Príncipe Luís e outras Histórias, 1897
    • O Esperto: e outras histórias
    • Os Dez Anõezinhos Da Tia Verde-Água, 1897
    • Histórias escolhidas (tradução do alemão)
    • Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Polo Norte, 1920
  • Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Brasil, 1923 
  • Teatro Infantil
    • A comédia da Lili, 1903
    • Um sermão do sr. Cura, 1907
  • Infelizes: histórias vividas, 1892 
  • A Garrett no seu primeiro centenário, 1899
  • Ambições: romance. Lisboa, Guimarães Libânio, 1903 
  • Bem prega Frei Tomás (comédia), 1905
  • ''A Bem da Pátria''
    • As mães devem amamentar seus filhos
    • A educação da criança pela mulher
  • A nossa homenagem a Bocage, 1905
  • Às mulheres portuguesas, 1905  
  • A minha Pátria, 1906
  • Quatro Novelas: A vinha, A feiticeira, Diário duma criança, Sacrificada, 1908 
  • A boa mãe, 1908 
  • A mulher no casamento e no divórcio, 1911 
  • Em tempo de Guerra, 1918 
  • De como Portugal foi chamado à Guerra : Histórias para Crianças, 1919 
  • A Capela das Rosas, 1920
  • Dias de Festa, 1921
  • A Princeza muda, 1921
  • Casa de Meu Pai, 1922
  • A Grande Aliança: A Minha Propaganda no Brasil. Lisboa: Ed. Lusitania, 1922
  • Esperteza dum Sacristão, 1922
  • O Livrinho Encantador, 1924
  • O direito da mãe, 1925 
  • A verdadeira Mãe, 1925
  • Mundo Novo, 1927
  • O Príncipe das Maçãs de Oiro, conto infantil, 1935

+INFO 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_de_Castro_Os%C3%B3rio
http://www.ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/liga-portuguesa-da-paz-2

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