ELAS QUEM ?

terça-feira, 9 de junho de 2020

Manuela Azevedo (1911-2017)


Manuela Azevedo (1911-2017)

A primeira jornalista com carteira profissional (morreu em 2017 com 105 anos, como a mais antiga jornalista do mundo). Escreveu romances, poesia e teatro. Viu uma das peças censurada pelo regime de Salazar e enfrentou a censura num artigo que escreveu em 1935 sobre eutanásia.





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https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuela_Saraiva_de_Azevedo

sábado, 6 de junho de 2020

Adelaide Cabete (1867-1935)


Adelaide Cabete (1867-1935)



Conclui a instrução primária com 22 anos e aos 30 torna-se a terceira mulher a completar a licenciatura em Medicina.
É co-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e fundou, com Ana de Castro Osório,
o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, a mais duradoura organização feminista até ser encerrada
pelo Estado Novo em 1947. Adelaide de Jesus Damas Brazão Cabete (Alcáçova, Elvas, 25 de janeiro de 1867 — Lisboa, 14 de setembro de 1935), mais conhecida como Adelaide Cabete, foi uma das principais feministas portuguesas do século XX. Republicana convicta, foi médica obstetra, ginecologista, professora, maçom, benemérita, pacifista, abolicionista, defensora dos animais e humanista. Foi pioneira na reivindicação dos direitos das mulheres, e durante mais de vinte anos, presidiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Nessa qualidade reivindicou para as mulheres o direito a um mês de descanso antes do parto e em 1912 reivindicou também o direito ao voto feminino, sendo em 1933, a primeira e única mulher a votar, em Luanda, onde viveu, sob a nova Constituição Portuguesa.





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terça-feira, 2 de junho de 2020

Beatriz Pinheiro (1972-1922)



Beatriz Paes Pinheiro de Lemos (1972-1922)


Pertenceu a vários grupos que no início do século XX lutaram pelos direitos das mulheres, tendo colaborado com um dos mais importantes órgãos de divulgação feminista, o Alma Feminina. Fundou em conjunto com o seu marido um periódico no qual também eram divulgados esses ideais, a Ave Azul, revista de arte e crítica que dedicou inúmeros artigos à situação das mulheres.
Esta «escritora, professora republicana, feminista, pacifista» veio «da pequena burguesia duma cidade de província, nasceu em Viseu, na rua da Senhora da Piedade, a 29 de Outubro de 1871. Filha de Joaquim António Pinheiro, natural de Elvas e funcionário dos correios, e de Antónia da Conceição Pais, de Paços de Silgueiros, um lugar daquele concelho,teve acesso a uma educação formal, frequentando, segundo as suas palavras, o ensino primário e liceal. Se o fim do liceu e, mais tarde, o diploma em Ciências e Letras, a conduziu à docência, o gosto pela escrita levou-a, ainda estudante, a colaborar na revista académica Mocidade, fundada pelo seu futuro marido, Carlos de Lemos, então aluno do Liceu de Viseu e no qual, anos mais tarde foi professor. Os dois criaram e dirigiram a revista Ave Azul que se manteve ativa durante dois anos: 1899-1900.»

O seu activismo levou-a a pertencer à «Liga Portuguesa da Paz (...). Pertenceu, ainda, ao Grupo Português de Estudos Femininos, à Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e à Associação de Propaganda Feminista. Em Lisboa, a 16 de Novembro de 1915, foi iniciada na Loja maçónica «Fiat Lux». No ano seguinte, com o nome simbólico de "Clemence Roger", integrou o quadro da Loja Carolina Ângelo, que abandonou em Janeiro de 1920.»


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3 Marias


3 MARIAS
Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno

Autoras das Novas Cartas Portuguesas, Maria Velho da Costa (1938-2020), Maria Teresa Horta (1937-) e Maria Isabel Barreno (1939-2016), foram acusadas, durante o Estado Novo, de escrever um livro pornográfico e atentatório da moral pública. Em Maio de 1974 foram absolvidas de todas as acusações.





Eis-nos


Eis-nos de luta
expostas
sem vencer os dias


As verilhas
certas
no passo retomado


o rever das casas e das causas
o revolver das coisas
que dormiam


Diária é a escolha
o movimento insano
o sossego manso e mais pesado
daquilo que desperta e não quebramos


daquilo que rasgamos
e dobramos
carta por carta em seu perfil exacto


Fêmeas somos 
fiéis à nossa imagem
oposição sedenta que vestimos
mulheres pois sem procurar vantagem
mas certas bem dos homens que cobrimos


E jamais caça 
seremos


ou objecto 
dado


nem voluntário odor
de bosque seco


vidro dizemos
pedra
caminhada


em se chegar a nós 
de barca
ou vento


Remota viração que se reparte
esta que usamos em cumprir
sustento


de pressuposta amarra
em que ficamos


apartadas dos outros 
e tão perto


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sábado, 9 de maio de 2020

ALBERTINA PARAÍSO (1864-1954)


Albertina de Sousa Paraíso (Cedofeita, Porto, 11 de janeiro de 1864 — São Paulo, Lisboa, 25 de fevereiro de 1954) foi uma feminista, ensaísta e poetisa portuguesa. Filha da classe média da cidade do Porto, o seu pai, Guilherme Augusto de Sousa Paraíso, era director bancário e sua mãe, Sofia Isilda de Freitas Paraíso, directora de um colégio. Desde cedo se envolveu na política, participa na Revolta do 31 de Janeiro, mas a sua acção no Porto é mais sentida no que respeita à criação de revistas femininas. Dirigiu o Almanaque das Senhoras Portuguesas e Brasileiras, 1885-1887, e o Almanaque das Senhoras Portuenses, 1889, sentindo que o fulgor revolucionário do Porto estava a quebrar-se decide ir para Lisboa continuar o seu sonho da criação de uma Pátria mais justa para as mulheres. Na capital vai dirigir uma página “Jornal da Mulher”, no jornal “ O Mundo”. Lança a revista “ Alma Feminina” e aqui vai ter a colaboração de vultos do republicanismo, como Guerra Junqueiro, João Chagas e Teófilo Braga. Mulher empenhadíssima, vamos vê-la a participar nas manifestações contra a guerra que se adivinhava na Europa e corresponde-se com Ana de Castro Osório, a grande referência do feminismo português da época. Mulher sensível e culta, Albertina Paraíso escreve poesias em algumas publicações e ainda jovem cursou Belas Artes no Porto. Graças a isso, divulga diversas pintoras em todas as revistas que vai dirigindo e publicando ao longo da sua vida. Em 2 de julho de 1902, casou na Igreja Paroquial de São Jorge de Arroios com Manuel Rodrigues Barroca, ourives, natural de Lamego. Sofria de arteriosclerose, da qual faleceu na Rua do Ataíde, número 17, primeiro andar, da freguesia de São Paulo (Lisboa), aos 90 anos. Ocorreu o funeral no Cemitério dos Prazeres, seguindo para jazigo. A artéria que a homenageia é uma via recentemente aberta na freguesia de Paranhos, no Porto.






domingo, 3 de maio de 2020

Ana de Castro Osório (1872-1935)


Ana de Castro Osório (1872-1935)

É autora daquele que é considerado como o primeiro manifesto feminista em Portugal - Às Mulheres Portuguesas




Excerto:

''Á mulher, pois, ou seja pobre operaria que mal ganha para o pão de cada dia, ou opulenta dama avergada ao pêso dos seus deveres sociaes;
ás mães que têm filhos a entrar na lucta pela existencia e que ansiados esperam o conselho, que os guie para a felicidade e para o bem,
dos labios que lhes ensinaram as primeiras palavras e lhes deram os primeiros beijos; como às raparigas que, mal iniciadas nos seus deveres,
têm de arcar com um futuro de que nem chegam a comprehender as responsabilidades; a todas, repetimos, corre o dever de se deterem,
ao menos um instante, a pensar no remedio a dar a tanto mal e a tanta iniquidade.
Por isso é ás mulheres, e principalmente ás mulheres do meu paiz — que tão insuficientemente são educadas para serem as companheiras
e as mães do homem moderno — que me dirijo.
Possa este modesto trabalho corresponder dalgum modo ás necessidades espirituaes da alma feminina,
que desperta emfim para uma nobre e mais util missão social. 

FEMINISMO: É ainda em Portugal uma palavra de que os homens se riem ou se indignam, consoante o temperamento,
e de que a maioria das proprias mulheres córam, coitadas, como de falta grave cometida por algumas colegas, mas de que ellas não são responsaveis,
louvado Deus!... E, no entanto, nada mais justo, nada mais rasoavel, do que este caminhar seguro, embora lento, do espirito feminino
para a sua autonomia. O homem português não está habituado a deparar no caminho da vida com as mulheres suas iguais pela ilustração,
suas companheiras de trabalho, suas colegas na vida pública; por isso 14 as desconhece, as despresa por vezes, as teme quasi sempre.
Mas siga a mulher o seu caminho, intemerata e digna, sem recear o isolamento como o ridiculo — que nem um nem outro atingem
o verdadeiro mérito e a sã razão.



 


PUBLICAÇÕES

  • Para as Crianças (1897-1935):
    • Contos tradicionais portugueses, 10 volumes
    • Contos, Fábulas, Facécias e Exemplos da Tradição Popular Portuguesa [14]
    • Contos de Grimm (tradução do alemão)
    • Alma infantil
    • Animais, 1903
    • Boas crianças
    • Branca-Flor e outros contos
    • Branca-Flor e outras histórias
    • O Príncipe Luís e outras Histórias, 1897
    • O Esperto: e outras histórias
    • Os Dez Anõezinhos Da Tia Verde-Água, 1897
    • Histórias escolhidas (tradução do alemão)
    • Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Polo Norte, 1920
  • Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Brasil, 1923 
  • Teatro Infantil
    • A comédia da Lili, 1903
    • Um sermão do sr. Cura, 1907
  • Infelizes: histórias vividas, 1892 
  • A Garrett no seu primeiro centenário, 1899
  • Ambições: romance. Lisboa, Guimarães Libânio, 1903 
  • Bem prega Frei Tomás (comédia), 1905
  • ''A Bem da Pátria''
    • As mães devem amamentar seus filhos
    • A educação da criança pela mulher
  • A nossa homenagem a Bocage, 1905
  • Às mulheres portuguesas, 1905  
  • A minha Pátria, 1906
  • Quatro Novelas: A vinha, A feiticeira, Diário duma criança, Sacrificada, 1908 
  • A boa mãe, 1908 
  • A mulher no casamento e no divórcio, 1911 
  • Em tempo de Guerra, 1918 
  • De como Portugal foi chamado à Guerra : Histórias para Crianças, 1919 
  • A Capela das Rosas, 1920
  • Dias de Festa, 1921
  • A Princeza muda, 1921
  • Casa de Meu Pai, 1922
  • A Grande Aliança: A Minha Propaganda no Brasil. Lisboa: Ed. Lusitania, 1922
  • Esperteza dum Sacristão, 1922
  • O Livrinho Encantador, 1924
  • O direito da mãe, 1925 
  • A verdadeira Mãe, 1925
  • Mundo Novo, 1927
  • O Príncipe das Maçãs de Oiro, conto infantil, 1935

+INFO 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_de_Castro_Os%C3%B3rio
http://www.ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/liga-portuguesa-da-paz-2

Domitila de Carvalho (1871-1966)



Domitila de Carvalho (1871-1966)

Domitila Hormizinda Miranda de Carvalho (Travanca da Feira, 10 de Abril de 1871 — Lisboa, 11 de Novembro de 1966) foi médica, professora, escritora e política, sendo a primeira mulher a frequentar a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Matemática, Filosofia e Medicina, e uma das primeiras três deputadas eleitas em Portugal ao integrar em 1934 a lista dos deputados escolhidos pela União Nacional para a I Legislatura da Assembleia Nacional.Foi poetisa e sócia da Academia das Ciências de Lisboa.

Alice Pestana (1860-1929)


Alice Pestana (1860-1929)
Alice Evelina Pestana Coelho (Santarém, 7 de abril de 1860 — Madrid, 24 de dezembro de 1929) foi uma humanista, jornalista portuguesa, pedagoga da Institución Libre de Enseñanza, feminista e fundadora da Liga Portuguesa da Paz em 1899, considerada a primeira organização feminista em Portugal.

Carolina Michaelis (1851-1925)


Carolina Michaelis (1851-1925)

Primeira mulher a ensinar numa universidade portuguesa e, em conjunto com Maria Amália Vaz de Carvalho, a primeira a entrar para a Academia de Ciências de Lisboa. Foi nomeada Presidente Honorária do Corpo Administrativo do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas

sábado, 2 de maio de 2020

Natália Correia (1923-1993)





Natália Correia (1923-1993)


Em 1966, Natália Correia publica a “Antologia de Poesia Erótica e Satírica”. É movido um processo pelo Estado dado o seu conteúdo imoral. No processo lia-se: “Apesar do pretensioso prefácio da autora da selecção, eivado de tendências sartreanas e das intenções que daí derivam, não é possível admitir que seja viável a circulação deste livro em Portugal, dado o seu carácter pornográfico”. Em 1970, Natália Correia e o editor foram condenados a 90 dias de prisão ou multa agravada por cada um dos dias. Outros escritores que foram envolvidos no processo (como Mário Cesariny, Ary dos Santos ou E.M. Melo e Castro) também foram condenados a penas menores. Muitos dos livros foram confiscados e destruídos.

Manuela Porto (1908-1950)



Manuela Porto (1908-1950)
Mulher ligada ao teatro e à poesia, tomou parte activa de vários movimentos feministas que resistiram durante o Estado Novo.
Cumpriu ainda um papel muito relevante enquanto divulgadora e introdutora de importantes escritoras feministas em Portugal. 

NA MORTE DE MANUELA PORTO

Devia morrer-se de outra maneira. 
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo. 
Ou em nuvens. 
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol 
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos os
amigos mais íntimos com um cartão de convite para o 
ritual do Grande Desfazer: «Fulano de tal comunica 
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje às 9 
horas. Traje de passeio». 
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos 
escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir 
à despedida. 
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio. «Adeus! 
Adeus!»
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento, 
numa lassidão de arrancar raízes... (primeiro, os olhos... 
em seguida, os lábios... depois os cabelos... ) a carne, 
em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em
fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen... como 
aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono 
ainda tocada por um vento de lábios azuis…

José Gomes Ferreira publicado em Poesia III, 

Portugália Editora, em Março de 1963.